O maior abalo da indústria de petróleo e transporte marítimo
das últimas décadas deve entrar em vigor dentro de dois meses.
A 1º de Janeiro de 2020, a Organização Marítima
Internacional (IMO) imporá novos padrões de emissões destinados a reduzir
significativamente a poluição produzida pelos navios em todo mundo.
A IMO está preparada para proibir embarcações que usem
combustível com um teor de enxofre maior que 0,5%, em comparação com o atual limite
superior de 3,5%.
As restrições dos combustíveis marítimos a partir 2020
Pensa-se que o combustível marítimo mais utilizado tem um
teor de enxofre de cerca de 2,7%.
A indústria naval está sob intensa pressão para reduzir suas
emissões de enxofre porque o poluente tem um efeito negativo na saúde humana e
é um componente da chuva ácida, que prejudica a vegetação e as espécies
aquáticas.
Um estudo sobre os impactos na saúde humana dos óxidos de
enxofre, publicado em 2016 e citado pela IMO, estima que mais de 570.000 mortes
prematuras serão evitadas entre 2020 e 2025 pela introdução de novos
regulamentos de transporte.
Esse mesmo estudo alega que uma redução no limite para o
óleo combustível com enxofre usado pelos navios trará “benefícios tangíveis à
saúde”, especialmente para as comunidades costeiras ou aquelas que moram perto
das principais rotas de navegação.
Quem fica a perder?
Para alguns dos maiores produtores de petróleo do mundo, as
novas regras que entram em vigor representam uma fonte de grande preocupação.
Espera-se essas medidas criem um excesso de oferta de óleo
combustível com alto teor de enxofre, provocando uma procura maior por produtos
em conformidade com a IMO, aumentando assim a pressão sobre a indústria de refinação
para que produza substancialmente mais deste último.
Isso é especialmente importante, dizem analistas, porque os
produtores de petróleo do Médio Oriente, provavelmente perderão, devido à sua
dependência excessiva de petróleo com alto teor de enxofre.
Esta é a oportunidade de uma vida para os operadores
elevarem os preços, porque todo o setor espera um aumento nos custos.
O transporte marítimo é fundamental para a economia global,
mais de 90% do comércio mundial é transportado por mar, segundo a Organização
das Nações Unidas (ONU), e é também a maneira mais económica de transportar mercadorias e matérias-primas.
Mais de 170 países, incluindo os EUA, aderiram à mudança de combustível.
A partir de 2020, os navios que violarem a nova lei correm o risco de serem apreendidos e os portos dos países cooperantes devem policiar os navios visitantes.
Os navios movidos a energia nuclear
Analistas estimam que a indústria de transporte em
contentores, que transporta bens de consumo, provavelmente esteja entre as mais
atingidas, com custos adicionais de aproximadamente 10 mil milhões de dólares,
de acordo com um relatório da Reuters.
Os dois maiores operadores de contentores do mundo, a AP
Moller-Maersk e a MSC, disseram que a conformidade com os regulamentos da IMO
provavelmente acarretará custos extras de aproximadamente 2 mil milhões de dólares
cada.
A maior preocupação é que os aumentos de custos não sejam passados
aos consumidores e no pior cenário, isso pode levar a outras situações como a
da Hanjin Shipping, que faliu em 2017 mesmo tendo sido sétimo maior
transportador de contentores do mundo antes de sua queda financeira.
Velas semelhantes a asas vão ajudar navios a economizar combustível